Na última sexta-feira (1), no Centro de Convenções da Universidade, a Unicamp celebrou o fechamento de um projeto nacional de ensino universitário a distância em Letras-Libras, com a formatura de 60 estudantes, entre surdos e ouvintes. O projeto abriga os cursos de licenciatura em Letras-Libras e bacharelado em tradução e interpretação Letras-Libras.
Segundo a coordenadora do polo Campinas, professora Regina Maria de Souza, entre as maiores conquistas do projeto pode-se destacar o salto de 500 para 1.300 no número de surdos com graduação no Brasil, num período de apenas oito anos. “Nos anos 1990, não se imaginava um surdo no terceiro grau. Os que chegavam, era com muito esforço. A maioria abandonava por conta da acessibilidade”, comenta.
O projeto teve sua primeira entrada pelo vestibular em 2006, com matriz na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e mais 15 polos pelo país. A Unicamp engajou-se em 2008, quando houve a segunda entrada de estudantes e a inclusão do curso de bacharelado. Cada curso tinha sua especificidade. Enquanto o objetivo da licenciatura era a formação de educadores surdos, o bacharelado em tradução e interpretação tinha alunos ouvintes como principal público-alvo. Mas ao longo do processo, alunos ouvintes decidiram cursar a licenciatura, e a nova conjuntura trouxe desafios a coordenação do curso. “Tivemos que lidar o tempo todo com essa diferença de olhares, que havia entre esses dois grupos”, comenta a coordenadora do polo Campinas.
Apesar de ter sido exigida a proficiência em Libras no vestibular, a professora Regina conta que as duas línguas circularam paralelamente no curso, com o material sendo disponibilizado em libras, mas também acessível em português escrito. Ela destaca a facilidade com que os estudantes surdos responderam às novas tecnologias. “Ficamos maravilhados em ver a sagacidade, a rapidez que tinham em aprender, em se apoderar do conhecimento tecnológico e transformar em ferramentas de ensino”, destaca.
Outros planos estão sendo elaborados para dar continuidade ao projeto. A convite da Instituição Nacional de Educação de Surdos, do Instituto Federal de Santa Catarina e do Instituto Federal de Goiás, a professora Regina está participando da elaboração de um curso de pedagogia com formação bilíngue com subsídios dos Ministérios da Educação e da Cultura.
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